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Conto: Os Templarios de Prata Pt2



A noite chegou e com ela uma certeza, eu não os veria mais… aquela seria a nossa última noite, eu faria delas a melhor de todas.

Antes de acabar com tudo de uma vez por todas.

Como já era esperado, eles chegaram por volta das sete da noite, Orfeu pediu uma mesa separada das dos amigos, e espalhou sobre ela os inúmeros livros aos quais vinha estudando todas as noites.

Eu simplesmente sorri ao vê― lo, o homem mais lindo, delicado e atencioso que eu havia conhecido na vida e na morte. O modo como ele me sorriu de volta foi magico!

Aquilo fez despertar em mim a culpa pelo que eu estava prestes a fazer.

Eu o servi como de costume, ele me olhava de ume modo diferente como se soubesse que aquele seria o nosso último encontro.

―  Vem comigo. ―  Pedi gentilmente olhando-o nos olhos.

Peguei sua mão, ele me acompanhou até os fundos da taberna onde ficava o meu quarto.

Tudo havia sido preparado para aquele momento único, em minha cama lenções limpos e perfumados por rosas silvestres, velas foram espalhadas por todo o ambiente, fazendo daquele momento algo único para nos dois.

Eu o queria como nunca quis algo em toda a minha existência. Eu o amava e ele também me amava.

Toquei sua pele lentamente, passando meus dedos por cada centímetro de seu rosto, acariciando lentamente seus cabelos e sua barba.

―  Eurídice… ―   Ele tentou falar alguma coisa.

Meus lábios tocaram os dele num beijo correspondido, ele me abraçou calorosamente pressionando seu corpo contra o meu, pude sentir seus batimentos contra o meu peito.

Sua respiração era ofegante.

Com toda a delicadeza do meu toque eu tirei sua camisa e beijei seu pescoço lenta e calmamente, ele me correspondia acariciando meu corpo.

Orfeu tirou a parte de cima de meu vestido revelando meus colo rígidos em êxtase.

―  Eu nunca fiz isso. ―  Ele me confessou num sussurro ofegante, apertando meus seios com as mãos.

―  Eu também não. ―  Respondi envolvendo minhas mãos em seu pescoço.

Aquilo era verdade. Eu nunca havia feito aquilo, nunca tinha me entregue a homem nenhum de forma verdadeira como naquela noite.

Ele merecia aquilo, e eu também.

Minha pele fria não o incomodava, ele me beijava cada vez mais calorosamente, percorrendo toda a extensão de meu corpo eu retribuía cada carinho que ele me proporcionava amorosamente.

Naquele momento só existíamos nos dois, eu era dele e ele era meu. O único a quem eu amei em toda minha morte. Deitada em seu peito esperei que ele adormecesse antes de dar início ao meu plano.

***

Eu estava nua diante da janela aberta, fitando a rua, pensando se aquilo era realmente necessário. Quando ele finalmente acordou.

―  Não faça isso. ―  Ele disse enquanto eu me preparava para sair.

―  Você já sabia não é? ―  Respondi pondo meu vestido. ―  Eu poderia tê-lo matado enquanto você dormia, e mesmo assim você ficou comigo esta noite.

―  Eu te amo! ―  Ele disse vindo em minha direção.

Seu corpo musculoso e cheio de cicatrizes contrastava lindamente a luz das velas. Veio até mim calmamente e me abraçou, beijando meu pescoço, apertando seu corpo contra o meu.

Eu pude sentir toda a tenção vinda dele, um arrepio frio tomou conta do meu corpo e meus pelos se eriçaram novamente.

―  Essa é a minha natureza. ―  Respondi me entregando mais uma vez ao seu toque.

―  Eu sei, da mesma forma que você sabe o que eu sou. ―  Ele me virou, e eu fiquei frente a frente com ele, seus olhos castanhos pareciam mel diante de mim ―  Fuja, ou você vai morrer esta noite.

―  Eu posso mata-los e você sabe!

―  Eles esperam por isso e estão preparados para isso. Você não sobreviveria. Nós sabemos bem mais do que você.

Orfeu me agarrou e com todas as forças que tinha ele me beijou ardentemente. E naquele momento eu soube que ele me protegeria.

―  Eu amo você!

―  Então vá embora… ―  Sua voz era tremula. ―  Antes que seja tarde demais.

―  Tarde demais? ―  Naquele momento eu ouvi passos do lado de fora, e acabei entendendo o que aconteceria a seguir. – Você me usou, não foi… tudo isso foi parte do seu plano!

A raiva tomou conta de mim

―  Vá embora. ―  Ele repetiu parecendo realmente arrependido. – vá, antes que eles te matem.

Nesse momento os outros dois homens se posicionaram diante da porta, eu podia ouvir o som da respiração e as batidas dos corações de ambos.

―  E você? ―  Perguntei temendo pela vida dele.

―  Eu encontro você depois. ―  Ele disse enquanto me dava um último beijo. ―  Me morda!

―  O que?

―  Me morda e vá embora, é a única forma de você escapar com vida.

Naquele exato momento os dois homens chutaram a porta.

No instante seguinte eu me vi cravando minhas presas nele. Eu senti seu corpo enrijecer, antes dele soltar um grito de dor e o sangue escorrer pelos buracos deixados em sua jugular pelos meus dentes.

Eu o vi cair diante de mim, um segundo antes dos dois homens entrarem no quarto. Eles correram ao encontro dele, não antes de arremessarem um machado em minha direção.

O pequeno machado acertou a parede alguns centímetros perto de onde eu estava, pude ouvi― lo proferir algumas palavras em latim. Tive apenas um segundo antes de tomar a minha decisão e saltar pela janela. Sem olhar para traz saltei pela janela e corri em direção a floresta próxima me escondendo nas sombras.

Minha agilidade me daria uma boa distância antes que eles me encontrarem. Me manter segura era a prioridade naquele momento, ser acusada de bruxaria e morrer na fogueira não estava nos meus planos.

Em pouco tempo cheguei ao porto onde entrei em um dos navios que estavam de partida rumo a uma expedição exploratória.

Não foi fácil.

Ali, em alto mar, me despedi de minha antiga vida. Literalmente um mar de possibilidades se abriu a minha frente.

Séculos mais tarde eu o encontrei novamente em uma cidadezinha afastada de tudo e de todos. Ali vivemos nosso amor sem receio e sem perguntas sobre o passado.

Mas essa é uma outra história.

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